No. 824 – Como combater o barulho ensurdecedor – 06 nov 16

//No. 824 – Como combater o barulho ensurdecedor – 06 nov 16

No. 824 – Como combater o barulho ensurdecedor – 06 nov 16

Doc.JB Música – No. 824

Rolando de Nassau

Como combater o barulho ensurdecedor?

(Dedicado à leitora Madeleine El Nakle de Roure, de Brasília)

Música ensurdecedora, que faz perder o sentido da audição, que atordoa, que estontea, que produz surdez, não é música, é barulho; isto é o que conseguem certos ministros e diretores de música, apoiados por sonoplastas desorientados, em recitais, concertos e cultos dominicais.

Para algumas pessoas, amplificar é fazer maior o sistema de som, que já é grande. Talvez não saibam que há bem-estar acústico num ambiente onde o volume sonoro não ultrapassa de 50 decibéis. Quando a música é ensurdecedora, é porque está num pico (90 decibéis).

Na atualidade, quando os equipamentos de sonorização nos templos exigem a presença e atuação de maior número de pessoas para funcionar durante os cultos, o momento crucial é o teste de som.

Devem ser avaliados os microfones e os alto-falantes, mas a pessoa encarregada de testá-los não entende a importância de controlar o nível de volume sonoro, ou não com- parece aos ensaios antes dos cultos.

Nos templos muito espaçosos, onde é grande a área do palco, são colocados muitos instrumentistas e coristas, mas às vezes não aparece a pessoa que tenha feito antecipadamente os testes de som.

Então, é comum ver guitarristas e bateristas escolhendo locais para seus amplificadores e instrumentos, justamente os que mais barulho fazem.

O teste de som gasta um tempo imprevisível para ser ajustado pouco antes do início do culto, o que prejudica bastante a reverência do ambiente. Os membros da equipe de sonorização trocam mensagens em voz alta, mas pouco se entendem.

Temos observado que os coristas e instrumentistas ficam angustiados com a falta de liderança, não somente por parte do regente, mas, principalmente, de alguém encarregado do volume e da afinação sonora. Os membros dessa equipe deveriam ser orientados no meio ambiente, inclusive em suas andanças no palco, por alguém com autoridade e conhecimento das técnicas de sonorização. Assim, essas pessoas que prestam serviços com tão boa-vontade, veriam o seu trabalho não receber tantas queixas.

O técnico moveria a bateria para a posição correta (se está dentro de uma redoma, esta deverá ser redimensionada) e posicionaria os amplificadores das guitarras atrás das cortinas do palco, para diminuir o impacto sobre os cantores. Depois, verificaria as posições dos outros instrumentos.

No breve ensaio seguinte, todos já saberiam seus lugares, à espera de instruções para o teste de som, que duraria apenas 10 minutos; no início do culto, cerca de 100 pessoas estariam preparadas para cantar ou tocar (inclusive os solistas) sob a orientação de um engenheiro de som.

O técnico de som, empregado ou contratado pela igreja, lida com a manipulação da quantidade de som, por meios elétricos ou eletrônicos, tendo em vista a acústica, a informática e a execução musical durante o culto no templo; cuida dos cabos, conectores, microfones, alto-falantes, amplificadores, caixas acústicas e outros aparelhos; cria, instala e opera os equipamentos de gravação e manipulação do som.

Se o técnico de som não sabe calcular os fatores de multiplicação, não saberá usar o botão ou o controle de equalização em qualquer mesa de som. Somente um operador muito experiente detecta a alteração na pressão sonora.

Os cultuantes, a cada domingo, se queixam aos introdutores, recepcionistas e diáconos em relação ao volume sonoro durante o culto, mas não recebem nenhuma resposta satisfatória. O mesmo pode ser dito quanto ao nível da refrigeração do ambiente.

O engenheiro de som cuida da qualidade do som, providenciando a mixagem, masterização, transmissão e emissão.

Se estamos errados, alguém por favor nos informe.

Há quem goste de um “culto” ensurdecedor. Então, não adiantará a igreja ter um técnico ou um engenheiro de som.

Por isso, apesar dos argumentos com base científica ou técnica, ficará mais difícil combate-lo.

O som alto, pulsante e sustentado (para suplício de muitos cultuantes), prejudica não apenas o ouvido, mas também todo o corpo humano. Quanto mais intensas forem as ondas sonoras, maiores serão os danos causados às células.

A música com alto volume sonoro é apelativa aos jovens nos “shows” de música popular, porque eles não apenas ouvem, mas também a “sentem na carne”.

Os rituais pagãos há séculos empregam a morfina.

Nos “cultos” onde é executado o “gospel rock” (roque santeiro) está acontecendo a experiência com a adrenalina (desenvolvida desde o final do século 19) e as endorfinas (descobertas em 1975), que são substâncias utilizadas pelos neurônios na comunicação do sistema nervoso; alegam que melhoram o bom-humor e a disposição física; podem causar dependência.

Para combater o barulho ensurdecedor, os dirigentes das igrejas devem, no mínimo, adotar providências práticas para o uso dos equipamentos de sonorização, em conformidade  com a lei federal no. 6.938, de 31 de agosto de 1981; e adquirir um decibelímetro.

Brasília, DF, 26 de março de 2016. Rolando de Nassau.

2018-02-26T00:09:35+00:00 By |Recitais e concertos|