Nº. 658 – Hinos de Entzminger – 22 jul 2002, p. 4

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Nº. 658 – Hinos de Entzminger – 22 jul 2002, p. 4

Música – Nº. 658

Hinos de Entzminger

Rolando de Nassáu

(Em comemoração do 40º. aniversário do falecimento)

 

Pesquisamos as edições de “O Jornal Batista” publicadas entre 10 de janeiro de 1901 e 11 de janeiro de 1930. Curiosamente, essas datas marcam a fundação de “O Jornal Batista” (1901) e o falecimento de Entzminger (1930). Algo semelhante ocorreu na biografia de João Filson Soren: sua posse no pastorado da PIB do Rio de Janeiro (03 de janeiro de 1935) e seu falecimento (02 de janeiro de 2002).

Depois de Salomão Luiz Ginsburg, foi o maior hinógrafo entre os missionários no Brasil. Entzminger escreveu, traduziu ou adaptou 72 letras de hinos para o “Cantor Cristão”(CC). Dos 72 hinos, menos de um terço deles (21) foram aproveitados no “Hinário para o Culto Cristão” (HCC).

Entre 1904 e 1925, previamente 26 foram publicados em “O Jornal Batista”. Dos 26, foram abandonados 18 e aproveitados oito no HCC, que serão aqui comentados com o objetivo de mostrar as circunstâncias em que foram escritos por Entzminger.

Dos 18 hinos previamente publicados em OJB e que foram abandonados pela Comissão do HCC forneceremos agora as épocas de publicação: 1904 (nº.448-CC); 1908 (nº.370); 1909 (nºs.451, 466 e 502); 1910 (nºs.128 e 497); 1911 (nº.340); 1913 (nº.53); 1916 (nºs.187 e 413); 1917 (nºs.58, 210, 251, 305 e 499); 1918 (nºs.97 e 355).

“Tal qual estou” (CC-266, HCC-300) foi publicado em OJB (22 out 1908, p.1), depois de Entzminger ter traduzido quatro das seis estrofes de Charlotte Elliot escritas em 1834 para o hino “Just as I am”. A poetisa inglesa ficou inválida em 1821, quando tinha 32 anos de idade; foi a primeira hinógrafa a compilar um hinário para deficientes físicos (“The Invalid’s Hymn Book”, 1834-1854). Este hino foi traduzido quando Entzminger, em 1908, voltou dos EUA para o Brasil curado da lepra; ele, até então, dizia: “Tal qual estou, sem esperar que possa a vida melhorar, em Ti só quero confiar”.

Ainda em 1908, sob o impacto da terrível doença, mas curado, Entzminger traduziu o hino “It is well with my soul”, de Horatio Gates Spafford (CC-398, HCC-329). Tendo passado por grande provação, Entzminger, tal como Spafford (que perdeu quatro filhas no naufrágio do transatlântico “Ville du Havre”), poderia escrever: “Se paz a mais doce me deres gozar, se dor a mais forte sofrer, oh! seja o que for, Tu me fazes saber que feliz com Jesus sempre sou!”. Este hino foi publicado em OJB (05 nov 1908, p.1), pouco tempo depois do “The Baptist Hymn and Tune Book” (1904).

Inspirado pelo hino patriótico norte-americano “My country, ‘tis of thee”, de Samuel Francis Smith, Entzminger fez uma adaptação (“Do meu país Brasil, ó terra varonil, é meu cantar”), que a Comissão do HCC alterou em 1990. O hino (CC-574, HCC-600) foi dedicado aos alunos dos colégios evangélicos no Brasil (OJB, 06 abr 1910, p.2). É possível que Entzminger, então diretor de “O Jornal Batista” e residente no Rio de Janeiro, tenha ficado entusiasmado com a recente organização, pelo missionário John W. Shepard, do Colégio Batista do Rio. Na época, o Itamarati incentivava o intercâmbio cultural entre o Brasil e os EUA.

O vetusto hino “Rock of Ages”, de Augustus Montague Toplady, foi traduzido em 1913 (“Rocha eterna, foi na cruz que morreste tu, Jesus”, CC-371, HCC-307), quando Entzminger já estava em seu 20o. ano de ministério no Brasil (OJB, 31 jul 1913, p.2).

O célebre hino “Stille nacht”, escrito por Joseph Mohr em 1818, foi traduzido do alemão para o inglês por John Freeman Young. Provavelmente usando essa versão inglesa, um século mais tarde o hino de Mohr foi traduzido por Entzminger (“Noite de paz! Noite de amor!”, CC-30, HCC-91, OJB, 01 nov 1917, p.1).

Também em 1917, Entzminger traduziu outro hino famoso, o “Brighten the corner where you are”, escrito em 1912 por Ina Duley Ogdon, o que demonstra que Entzminger, em plena Primeira Guerra Mundial (1914-1918), procurava acompanhar o lançamento de novos hinos evangelísticos; deu-lhe o título “Brilha no meio do teu viver” (CC-417, HCC-488, OJB, 04 e 11 jan 1917, p.1).

Das quatro estrofes do hino “Have Thine own way, Lord”, de Adelaide Pollard, Entzminger traduziu livremente três, sob o lema “Cristo, bom Mestre, eis meu querer” (CC-175, HCC-369); o hino tinha sido publicado em 1907 no “Alexander’s Supplement” para o “Northfield Hymnal”, compilado por George Stebbins, e na coletânea “Kingdom Songs” (1921). Sua esposa Maggie Grace tinha falecido recentemente quando Entzminger escreveu a letra do hino, o que é muito provável (OJB, 01 dez 1921, p.11). Não nos parece ter sido escrito quando seus filhos morreram (1891 e 1894) no Recife (PE); o hino de Adelaide Pollard foi originalmente escrito mais tarde (1902); nem quando viajou para os EUA (1904) para tratar-se da lepra (ver: Edith Brock Mulholland, HCC-Notas Históricas. Rio de Janeiro: JUERP, 2002, pp.286 e 287).

Entzminger escreveu o estribilho (aproveitado no hino “Com alegria venho, ó Deus”, HCC-367) e as estrofes do hino “Aqui no mundo branda luz” (CC-528), que foram publicadas em 1925, sem a música de Robert Harkness (OJB, 08 jan 1925, p.13). Era um hino dedicado às crianças de nossas igrejas. Na época, Entzminger estava casado com sua segunda esposa, a missionária Amélia Joyce.

 

Lamentavelmente, do CC não foram aproveitados, entre outros, os hinos nos.53, 97, 210, 340, 370, 413, 451, 466 e 499; estes estavam entre os hinos mais queridos do povo batista no Brasil. Eram hinos de Entzminger.

(Publicado em “O Jornal Batista”, 22 jul 2002, p. 4).

 

2018-02-21T14:18:36+00:00 By |Hinógrafos|