No. 841 – O oratório “Luther”, de Kunze e Falk – 02 abr 17

//No. 841 – O oratório “Luther”, de Kunze e Falk – 02 abr 17

No. 841 – O oratório “Luther”, de Kunze e Falk – 02 abr 17

Doc.JB –  No. 841 – MÚSICA

Rolando de Nassau

O oratório “Luther”, de Kunze e Falk

(Dedicado à leitora Miriam Silva Gomes, de Brasília, DF)

 

Mais uma vez, graças à generosidade do casal Lourdes e Rosber Almeida, fomos presenteados com um disco DVD; desta vez, um oratório no estilo popular, com letras de Michael Kunze e música de Dieter Falk, em comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante.

Michael Kunze (1943-    ), de origem checa, é letrista do teatro musicado; em 2015 decidiu escrever as letras deste oratório sobre tema religioso.

O alemão Dieter Falk (1959-    ) é pianista e compositor de música popular, mas aprecia Johann Sebastian Bach.

O disco foi gravado em 31 de outubro de 2015 no ginásio da Vestfália, em Dortmund, Alemanha, que tem sido palco para “shows” de “rock”, com capacidade para 16 mil pessoas.

A gravação foi realizada pelo Departamento Midiático da Igreja Criativa, sediada em Witten, próxima de Wittenberg, conhecida como a cidade de Lutero, porque é a que está mais estreitamente vinculada à figura do Reformador.

Participaram 3.023 cantoras e cantores, acompanhados por 36 instrumentistas jovens, sob a regência de Andreas Gergen. O coro, cantando em alemão (mas o DVD disponibiliza a tradução simultânea em inglês), foi preparado por Christoph Spengler e Matthias Nagel.

Entre os personagens,  foram destacados: Frank Winkels (no papel de Martin Luther), Giulio Riccitelli (como Martin menino), Andreas Kammerzelt (como pai de Martin), Paul Falk (como imperador Carlos V), Stefan Stara (como o teólogo Philipp Melanchton) e Leon Van Leeuwember (como o banqueiro Fugger e Johannes Froben, editor dos livros de Erasmo de Roterdam), além de Benita Niessen (como depoente no interrogatório de Lutero).

Em 29 de outubro deste ano, o oratório será apresentado na Arena “Mercedes-Benz”, em Berlim.

Trata-se de uma obra de música religiosa popular; não sendo de música sacra, não é apropriada para a liturgia.

Kunze e Falk preferiram elaborar um oratório, que permite recorrer a cenários, figurinos, danças e encenação; para compor uma cantata, sem esses recursos, só mesmo o gênio de Johann Sebastian Bach.

O libreto compõe-se de 20 partes, as quais comentaremos a seguir: “Wer ist Martin Luther?” (Quem é Martin Luther?). Aparece o menino “Martin” e seu pai “Herold”, que o espancava e o deixava permanentemente com medo e senti- mento de culpa. Ouve-se a melodia de “Chapeuzinho Vermelho”, a mesma no libreto de “Contos que não são de fadas”, de Glênio Cabral. Jovem, escapou de morrer por um raio; ficou marcado pelo sentimento de pecaminosidade. Desfilam pessoas para testemunhar sobre o caráter de Lutero. Honrando-o ou a ele se opondo, ninguém pode negar seu lugar na história da Igreja. “Am Anfang war das Wort” (No princípio era a Palavra)

Foi para Wittenberg, em 1508, para estudar teologia e aprofundar-se no estudo da Bíblia. “In Worms ist Reichstag” (Parlamento em Worms) Acusado de heresia, o príncipe Frederico conseguiu que Lutero fosse ouvido em Augsburg; ele tinha afixado, em 31 de outubro de 1517, em Wittenberg, suas memoráveis 95 Teses. “Martins Ankunft” (A chegada de Lutero) Protegido por salvo-conduto, em 1521 compareceu perante o Parlamento. No ritmo agitado de “jazz”, os figurantes querem ver o monge. Lutero se explica: “nunca serei um herói”. “Multiplikation” (Multiplicação) A invenção da tipografia, c.1440, por Johannes Gutenberg, era o futuro da civilização; “cada livro é uma flecha”.

O papa ordenou a queima dos livros de Lutero. “Weg mit dem Mönch!” (No caminho dos monges) O imperador Carlos V tinha declarado: “A solução é livrar-nos do monge!”. “Selber denken!” (Pensa por ti mesmo) Lutero respondeu: “Trazem-me a um tribunal, mas não podem tirar-me a liberdade de pensar!”. “Ablass” (Indulto) Lutero demonstrou o que a propaganda dizia: “quando a moeda cai no cofre da Igreja, o ofertante é enganado e pensa que foi salvo do Inferno”. E esperou pelo indulto. “Machtspiel” (Jogo do poder) Começou um jogo, no qual os reis da Europa estavam interessados, mas os alemães é que pagariam a conta. “Gottes Kinder” (Filhos de Deus) Em estilo de “negro spiritual”, a solista Bonita Niessem cantou “Somos pecadores, mas agora temos esperança”. “Erstes Verhör” (Primeiro interrogatório) Lutero hesita e treme; os acordes da guitarra, lancinantes, perguntam: “este é o verdadeiro Lutero?”. “Luthers Hammerschläge” (A martelada) Com o seu hino “Castelo forte”, Lutero despertou o mais apático cristão: “Deus é escudo e boa espada. A nossa força nada faz. O Inimigo cairá por uma só palavra”.

Devido à exiguidade do nosso espaço, apenas mencionaremos as partes seguintes: “Das Heilige Geschäft” (O Santo Ofício) “Anfechtung” (A Contestação) “Hier steh ich” (Aqui eu permaneço) “Nichts hören, nichts sagen, nichts sehn” (Não ouvem, não falam, não vêem) “Mut!” (Coragem!) “Zweites Verhör” (Segundo Interrogatório) “Flucht und Zuflucht” (Fuga e Abrigo) “Finale” (Final) Sob intensos aplausos de mais de 13 mil pessoas no estádio de Dortmund, iniciaram-se as comemorações dos 500 anos da Reforma Protestante. “Luther” é uma excelente e grandiosa obra de arte musical e divulgação histórica que merece ser exibida nas principais igrejas evangélicas do Brasil.

2018-02-24T12:17:19+00:00 By |Obras musicais|