No. 790 – Memorial Moen’s Medley – 01 set 13

//No. 790 – Memorial Moen’s Medley – 01 set 13

No. 790 – Memorial Moen’s Medley – 01 set 13

MÚSICA – No. 790    

Moen’s Medley

(Dedicado ao leitor Osvaldo Ronis)  

Para permitir o livre desenvolvimento do projeto de recuperação do  Templo Memorial, que há mais de 50 anos vem sendo usado para a celebração de  cultos, desde 09 de junho de 2013 o Auditório é o novo local para as reuniões da I-Igreja Memorial Batista.

Apropriadamente, em 1990 o pastor Éber Vasconcelos sussurrou sua  antiga aspiração de que o Auditório servisse para a realização de eventos culturais.

Em 23 de junho ocorreu a estréia da cantata “Deus é por nós”, executada pelo Coro Memorial e pelo Coro “Mensageiros da Paz” e assistida, além de internautas, na segunda récita, por cerca de mil pessoas.

Cantata é uma forma musical, de uso religioso ou profano. A cantata de  igreja usa texto bíblico e apresenta árias, recitativos e partes corais. Na cantata, as  vozes não representam, necessariamente, os protagonistas da obra.

No período barroco (1600-1750), a cantata era o gênero mais importante  da música vocal e o principal elemento da música-de-culto na igreja luterana. O categórico estilo barroco aproximava as pessoas dos temas sacros.

A cantata sacra constitui o núcleo da música vocal de Bach; ele compôs  cerca de 300 cantatas. Peças de destinação modesta, confiadas a intérpretes medíocres  e oferecidas a paroquianos ignorantes, “são a mais alta expressão do gênio musical e  do sentimento religioso de Bach” (Roland de Candé, Jean-Sébastien Bach. Paris:  Seuil, 1984).

As cantatas de Bach (1685-1750) eram executadas por grupos pequenos;  ele dispunha, para execução de uma cantata, em geral, de 12 cantores e 15 instrumentistas; ocasionalmente, o número de executantes subia de 27 para 40.  As letras eram hauridas no “Gesangbuch” (hinário), escritas por poetas  convidados por Bach. Sua obra é multifacetada; expressa os muitos graus de alegria e  de tristeza, porque é uma obra de arte erudita. Você ouve melhor de olhos fechados.

Quanto à cantata de Donald James Moen (1950-    ), preferimos classificá-la de “medley” (miscelânea), pois é uma mistura de variadas letras de hinos e cânticos; evidentemente, trata-se de música não-erudita, para ouvintes menos exigentes.   Uma nostalgia pode conduzir, inclusive os compositores evangélicos de  música popular, ao leviano estilo rococó, que dilui os temas sacros para satisfazer as  frivolidades das pessoas, bem atendidas pelo cinema (filmes), pela televisão (novelas) e  internet (Facebook).   Almir Chediak selecionou e editou “songbooks” de compositores popu-  lares (Noel Rosa, Dorival Caymmi, Chico Buarque de Hollanda, Tom Jobim, Vinicius  de Moraes, Caetano Veloso, Ivan Lins, Alceu Valença, Raul Seixas e outros).    Também Don Moen fez seus “songbooks”, para os quais compilou as letras de uma espécie de “trilogia de canções de louvor”:

1) “God With Us” (Deus co-  nosco);
2) “God For Us”(Deus por nós);
3) “God In Us” (Deus em nós).   Cantor e letrista, para elaborar “God For Us” Don Moen teve a colaboração de Tom Fettke (1941-    ), e de Camp Kirkland, arranjador-orquestrador.

“Deus por nós” foi lançada pela “Integrity” em outubro de 2010, com 16  faixas. Na Memorial foi feita uma adaptação, contendo somente 10 canções.

Além de Don Moen (“We’ve Come to Bless Your Name” e “God Is Good”, encontramos canções de Walt Harrah (“Think About His Love”), Michael  Smith (“Awesome God”). Matthew Bridges-Godfrey Thring (“Crown Him with Many  Crowns”), Reginald Heber (“Holy, holy, holy”) e William Reynolds(“Share His Love”   as traduções foram feitas por Joel Santana (“Pense em Seu amor) e Ronaldo Peryles  (as demais); para “Nosso Deus é tremendo”, também existe a de Karen Kremes, muito  próxima do original inglês. Os arranjos musicais, por Kirkland.

Enquanto aguardávamos o DVD e as fotos (Rosber Neves Almeida e Ed-  som da Silva Leite, respectivamente), rascunhamos nossas impressões sobre a obra,   que são confirmadas neste artigo.

A obra coletiva (Moen-Fettke-Kirkland) é monotemática e monocórdia;  são raras as oportunidades do coro e da orquestra para expressão emocional. A monotonia é disfarçada pelo ritmo; Kirkland usou o recurso da síncope para evitá-la. A miscelânea transmite ao coro, à congregação e à orquestra uma inadequada pulsação, expressa por palmas ritmadas e expressão corporal.

Um grande coro atrai a curiosidade visual do público, mesmo que a música o deixe alheio às nuanças sonoras.

A pobreza artística da obra, do ponto de vista musical, pode ser remediada pelo exaltado entusiasmo dos executantes.

O arranjador adotou um procedimento técnico, raramente usado por  Bach, colocando na miscelânea uma “abertura instrumental”. Entre 200 cantatas sacras, somente para 24 Bach compôs peças instrumentais de introdução; nas outras 176  não encontramos “aberturas”.

Don Moen socorreu-se de um recurso extra-musical ao incluir na miscelânea uma narração, baseada em textos bíblicos, com o objetivo de atingir a mente e o coração do ouvinte.

O primeiro cuidado deveria ter sido a procura de um elemento que pu-  desse impressionar o público, não pela imagem de um coro disciplinado, mas pela audição de belas melodias; o segundo, a busca de um apelo emocional para inspirar os  executantes e o público. Geralmente, na composição de uma cantata erudita estes cuidados são observados.   Legenda das fotografias anexas: Processional dos coros reunidos que apresentaram a miscelânea de Don Moen. Auditório “Éber Vasconcelos”, em 22 de junho de 2013, durante a apresentação da “Moen’s Medley”.  nassau@abordo.com.br  (Publicado em “O Jornal Batista”, de 01 de setembro de 2013, p.3)

2018-02-24T14:59:51+00:00 By |Recitais e concertos|