Nº. 715 – “Tributo de louvor” – 06 mai 2007, p. 4

//Nº. 715 – “Tributo de louvor” – 06 mai 2007, p. 4

Nº. 715 – “Tributo de louvor” – 06 mai 2007, p. 4

 

Música – No.715

“Tributo de Louvor”

Rolando de Nassáu

(Dedicado ao leitor Célio João Duarte)

Em 19 de agosto de 2006 foi gravado, na Catedral Evangélica de São Paulo, o CD “Tributo de Louvor”. Participaram os coros das catedrais presbiteriana independente e metodista da capital paulistana, coros de igrejas presbiterianas de São Paulo e Belo Horizonte, e coros evangélicos de São Paulo e Sorocaba, acompanhados pelo organista Nélson Silva, sob a regência de Dorotéa Kerr.

Cantaram 366 cantores; mostraram, como escreveu o Rev. Davi Dumas Neves, “que a música sacra de boa qualidade não está em baixa”.

Este é o sétimo de uma série de CDs para resgatar hinos que marcaram a história das denominações evangélicas no Brasil (ver: OJB, 06 mar 2005).

Comentaremos os itens do programa na ordem em que foram executados, indicando, entre parênteses, os hinários de onde foram extraídos.

Inicialmente, quatro peças de louvor. “Exaltai o Senhor”. Extraída do oratório “A Criação” (1799). O trecho que abre a gravação não é uma peça hinódica; foi incluído para demonstrar a capacidade de execução do coro. Paradoxalmente, esta obra, glorificando o Criador, contribuiu para a secularização da arte religiosa. Haydn tornou-se uma espécie de sumo sacerdote leigo, por ter incluído na história da música uma das mais grandiosas narrativas bíblicas. Entretanto, teve dificuldade em comunicar o significado específico das palavras do texto inglês elaborado por Von Swieten. Por isso, com sua experiência sinfônica, como recurso, procurou reinterpretar a forma musical do oratório (ver: OJB, 13 mar 94, p. 2).

“Louvor” (HE-107). Letra de S.P. Kalley e música tradicional galesa, na qual as vozes e o órgão introduzem áreas de sombra e de luz num texto que fala de anjos celestiais, crentes e ímpios.

“Justo és, Senhor” (SH-61, HE-90, NC-l, CC-2, HCC-22). Metrificação do Salmo 145:17-18, elaborada em 1888 por J.G. da Rocha. Melodia composta por L. Mason. Este hino é uma breve proclamação solene de alguns atributos de Deus (justiça, poder, misericórdia).

“Louvor a Deus” (HE-127). Metrificação do Salmo 134, baseada no Saltério de Genebra (1551). Música de L. Bourgeois. Num ambiente pós-medieval, esse saltério deu uma nova expressão ao louvor, com dignidade musical e profundidade literária, segundo os cânones calvinistas: “saiba em espírito adorar”; isto significou para Bourgeois que o ambitus da melodia deveria ser restrito e de entonacão fácil; a melodia deveria ser acessível a todos os participantes da congregação. Bourgeois foi ministro de música da igreja de S. Pedro, em Genebra (1541-1551); participou da elaboração do saltério huguenote.

Depois, dois hinos de contrição. “União com Deus” (SH-360, HE-382, NC-116, CC-283, HCC-399). Letra de S.F. Adams (1841). Tradução de R.H. Moreton; a de J.G. da Rocha (1888) é a mais conhecida. Música de L. Mason (1856). Este hino foi tocado por três violinistas enquanto o transatlântico “Titanic” afundava (ver: http://www.abordo.com.br/nassau/top_hin.htm

“Espera em Deus” (SH-13, HE-246, NC-118). Paráfrase do Salmo 42 elaborada por M.S. Porto Filho (1941). Música de L. Bourgeois, extraída do Saltério de Genebra; ele foi o pioneiro criador de melodias para o culto reformado por Calvino. Por ter substituído certas melodias foi preso por ordem do Conselho Municipal, mas solto graças à pronta intervenção de Calvino. Atualmente, depois de 455 anos, os Salmos são cantados (salmodia) nos cultos das igrejas protestantes de língua francesa.

“Para os altos montes olharei” (SH-24, NC-139). Paráfrase do Salmo 121, elaborada por S.P. Kalley (1861). Música de T. Jarman (1821). A melodia alegre denuncia a origem numa festividade folclórica ou popular do norte da Inglaterra.

“A nova do Evangelho” (SH-273, HE-5, NC-304, CC-188, HCC-299). Letra de J. Jones (1887). Música de S.W. Martin (1878). Na Europa e nos EUA, os templos evangélicos têm torres e sinos. No período imperial, no Brasil era proibido às igrejas evangélicas anunciar seus cultos e que nos templos fossem usados sinos. Então, as congregações cantavam: “A nova do Evangelho já se fez ouvir aqui, publicando em som alegre o que Deus já fez por ti” … Trata-se de um hino evangelístico tipicamente americano.

“O lírio dos vales” (SH-138, HE-286, NC-113, CC-73). Tradução de J.H. Nelson (1890) e de S.E. McNair. Música de C.W. Fry (1881), que trabalhou no Exército da Salvação compondo para bandas de música.

“A cidade celestial” (SH-563, HE-460, NC-187, CC-498). Tradução de M.A. Camargo (1895). Música de O.F. Presbrey. Hino apocalíptico, belamente cantado por Mariana Sabino Jardim.

“Que precioso nome!” (SH-395, HE-447, NC-164, CC-62, HCC-174).

Tradução de B.R. Duarte (1900). Música de W.H. Doane (1871). Desde o início do século 20, um dos cânticos mais cantados nas igrejas evangélicas no Brasil. Doane era flautista; talvez por isto Caroline Bernardes acompanha o coro.

“Ceifeiros do Senhor” (SH-451, HE-420, NC-318, CC-451). Tradução de W.E. Entzminger (1909). Música de J. McGranahan. No início do século 20, o missionário batista norte-americano Entzminger observou que os “ceifeiros da seara santa mui fracos, pobres sois, mas forte é Cristo, vosso Mestre, avante, avante, pois!”. Ainda hoje, apesar do grande crescimento numérico dos Evangélicos, nas duas últimas décadas, são poucos os semeadores; entre estes, certamente, estão os coristas que cantaram nesta bela gravação.

“Tu és fiel, Senhor” (NC-32, HCC-25). Tradução de J. Sutton, L. Bueno e H. Silva (1960). Música de W.M. Runyan (1923). Esta nova canção evangelística, publicada em 1964, é, com efeito, um incentivo aos crentes.

“Oração da tarde” (SH-523, HE-479, NC-173, CC-557). Tradução de G. Searle (1896). Música de J. Barnby (1868), importante compositor de melodias para hinos, condecorado pela rainha Vitória, cultivador da música sacra de J.S. Bach e editor do hinário da Igreja Anglicana. A música de Barnby não merecia ser acompanhada por acordeão; soou como serenata portenha.

“Castelo forte” (SH-640, HE-206, NC-155, CC-323, HCC-406). Letra de M. Luther, traduzida por J.E. Von Hafe (1886). Música extraída do “Wittenberg Gesangbuch” (1529). A excelência da melodia e a entusiasmadora letra têm incentivado os Protestantes e os Evangélicos, há quase 500 anos, a proclamar sua fé cristã. A execução vibrante do coro masculino e o significativo acompanhamento organístico, derem mais uma leitura digna do hino de Lutero.

Aos Evangélicos (aos Batistas, particularmente), recomendamos este CD que registra peças importantes da hinodia evangélica.

 

(Publicado em “O Jornal Batista”, 06 mai 2007, p. 4).

 

2018-02-21T14:14:48+00:00 By |Gravações|